segunda-feira, 30 de maio de 2011

Afinal, o que faz um assessor de Comunicação?

Oi pessoal,

Muita gente desconhece a função de assessoria de comunicação e imprensa. Para esclarecer algumas dúvidas vou postar um artigo bem interessante que encontrei.

Ele fala de maneira clara e simples sobre estes trabalhos.

 

Espero que gostem! 

@maypress

 

Afinal, o que faz um assessor de Comunicação?

“Antes de ser assessor de imprensa e antes de ser jornalista, sou comunicador”. A frase é do assessor de Comunicação Jorge Duarte, entrevistado pela reportagem do Textual Online sobre o cotidiano em uma Assessoria de Comunicação.
Formado em Jornalismo e Relações públicas, o doutor em Comunicação Social já foi repórter, editor, comandou três programas de rádio e foi assessor de imprensa de várias instituições, entre elas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), onde trabalha atualmente. Natural do Rio Grande do Sul, Jorge Duarte escreveu e organizou mais de dez livros sobre Comunicação e hoje dá aulas em cursos de pós-graduação. Confira o bate-papo com o assessor e saiba mais sobre os mitos e verdades da profissão.

Existe diferença entre assessor de Imprensa e assessor de Comunicação?
A diferença é muito grande até. O assessor de imprensa trabalha com a intermediação do relacionamento entre a fonte de informação e a imprensa. Em tese, ele é focado no atendimento das demandas da imprensa, no subsídio à imprensa e na divulgação via imprensa. Já o assessor de comunicação trabalha com atendimento, comunicação interna e diferentes públicos da organização, e não apenas com a imprensa. Em resumo, o assessor de comunicação trabalha com todos os públicos, enquanto o assessor de imprensa trabalha com o “público imprensa”.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas em uma assessoria?
Tem vários tipos de dificuldades dependendo da assessoria. Um caso comum são os dirigentes, que não têm um papel muito claro da assessoria ou a enxergam como uma maneira barata de fazer publicidade. Isso costuma ser um grande erro. Existem dificuldades internas de levantar informação, falar com as pessoas, até pela própria cultura que muitas vezes há na organização de relegar a comunicação, de não valorizar a comunicação nem a imprensa. Isso é uma tarefa que muitas vezes o assessor tem, de conquistar espaço, valorizar a área, e agir de maneira mais vigorosa na comunicação. Sendo assim, o assessor tem um papel de educador interno, sobre a importância da comunicação, da imprensa e do próprio respeito ao papel do jornalista. As maiores dificuldades hoje estão mais relacionadas à parte interna do que ao próprio relacionamento com a imprensa.

E quais são as maiores satisfações da profissão?
O bom é que um comunicador influencia a realidade dentro da organização. Enquanto o jornalista tende a reportar a realidade, na comunicação organizacional você consegue produzir acontecimentos e fatos, e melhorar a ação da sua organização frente à sociedade, identificando e corrigindo problemas ou recomendando soluções. Você pode propor ações, melhorar políticas, influenciar o pensamento dos dirigentes e tornar a organização mais transparente. O comunicador é quase como o “grilo falante”, aquele personagem que fica dizendo “olha, a gente podia fazer melhor assim, isso está errado, quem sabe a gente não faz desse jeito”, porque ele tem esse espaço de negociação junto ao corpo dirigente. Poucos profissionais numa empresa têm acesso aos escalões superiores como o comunicador. E ele tem que utilizar isso muito bem para atender àquilo que se exige dele, mas também para ajudar a organização a ser mais eficiente, a cumprir sua missão, a ampliar sua responsabilidade social, e a qualificar a informação que ela distribui.

Alguns defendem a ideia de que a experiência em redação é fundamental para quem pretende ser um assessor de Comunicação. O senhor concorda?
É importante passar por uma redação porque só assim você entende coisas como deadline, critérios de seleção da notícia, como as assessorias tratam os jornalistas, as pressões... Mas não diria que se você não passar você não vai ser um bom assessor de imprensa. Não funciona assim. Existem assessores de imprensa que passaram por redação e não são bons, e assessores de imprensa que nunca puseram os pés numa redação e são ótimos. Não há uma relação de causa e conseqüência. Ajudar, ajuda. É uma experiência válida passar pelo menos seis meses numa redação, nem que seja fazendo estágio. Mas é possível ser um bom assessor desde que você saiba como funciona o jornalismo e preste atenção nas mudanças que ocorrem na área.

Qual é, então, o perfil de um bom assessor de Comunicação?
Eu acho que ele tem que ter uma formação muito boa em pelo menos uma área, e uma visão ampla da comunicação. Mesmo que você faça jornalismo, que te dá uma base boa em muitos conhecimentos como apuração e edição da informação, quando você vai para uma organização isso é importante, mas não é suficiente. Então, você tem que começar a dominar uma série de ferramentas das demais áreas da comunicação para ser mais eficiente no seu trabalho. Por isso é importante pensar sempre em comunicação, porque se você ficar pensando que é assessor de imprensa ou jornalista, você não vai evoluir. A visão que embasa tudo é de comunicação, e não de jornalismo.

E o que um assessor nunca deve fazer?
Mentir. Pode até dizer que não pode falar, mas mentir jamais. Isso é inaceitável.

O assessor às vezes precisa lidar com situações complicadas, interna ou externamente, relacionadas à empresa. São as chamadas “crises”. Como um assessor deve gerenciar uma crise?
A crise é gerenciada antes de ela acontecer. Eu não gosto da ideia de que você tem que aprender a gerenciar crises. Acredito que se você gerenciar bem a comunicação, quando vier uma crise você vai se sair bem. Se há uma rotina de comunicação de qualidade, uma equipe preparada, manuais, e uma área de comunicação digital consistente, nenhuma crise vai te derrubar. Pode até ocorrer um escândalo que prejudique a empresa, mas a comunicação sempre vai fazer bem feito. É importante trabalhar com gestão de riscos em comunicação. Você pode fazer uma lista de checagem, ver se as questões que geram debate público estão alinhadas internamente, se a informação está disponível e pode ser acessada com rapidez, se há sistema de distribuição de informação adequado. Isso deve ser parte da rotina, e será decisivo quando houver crise. É claro que a comunicação não resolve um problema de desvio de dinheiro, por exemplo. Mas ela vai conseguir dar as respostas que dela são exigidas, sem dúvida nenhuma.

Como o senhor avalia a atuação das assessorias de Comunicação no Brasil?
Eu diria que é umas das melhores no mundo. Temos assessores de comunicação de alta qualidade em 30 anos de aprendizado em comunicação organizacional, no período pós-redemocratização. Demos um grande salto na década de 90, com a reorganização do Estado e a reorganização das empresas privadas, com o planejamento estratégico, e mais uma série de coisas. E acredito que hoje estamos dando um novo salto, que é o refinamento da comunicação. Nós estamos trabalhando mais detalhadamente, sendo mais exigidos, trabalhando com mais possibilidades de comunicação. Hoje temos cursos de pós-graduação em comunicação organizacional - o que não existia há dez anos trás -, uma literatura que melhorou bastante, e a presença de grandes empresas internacionais de comunicação que vieram para o Brasil e trouxeram suas experiências. Tudo isso permitiu que avançássemos brutalmente.

Houve um aumento no interesse dos estudantes de jornalismo pela área de assessoria de Comunicação. A que o senhor atribui esse crescimento?
É natural porque o mercado é esse. As redações não contratam mais, só repõem gente. Há um avanço na área digital, mas não é um avanço substancial, eu diria que já está mais ou menos estabilizado. Por outro lado a comunicação organizacional na área pública oferece espaço para trabalhar, com um bom salário. Já foi o tempo em que assessoria de Comunicação era uma área desprezada, isso não existe mais. O potencial de contribuição do comunicador é muito grande e a área é reconhecida hoje. Então há vários fatores que ajudam a despertar o interesse.

Que conselhos o senhor daria a um aluno que pretende ser um assessor de imprensa?
Leia e estude muito. É preciso se interessar, conhecer sobre as áreas que não domina e se aprofundar nelas. Ele não pode imaginar que com o conhecimento da universidade ele vai chegar em uma assessoria de comunicação e fazer a diferença, porque não vai. A faculdade vai ensiná-lo a fazer um release, de repente uma matéria com alguém, uma coletiva, mas é o básico, o “feijão com arroz sem sal”. É interessante ler livros de jornalismo, de relações públicas, de publicidade. Entender minimamente o que é um briefing, um plano de mídia. Conhecer sobre planejamento, mídias sociais, cultura organizacional, gestão de equipes, casos bem-sucedidos. Deve-se apostar em criatividade e fazer a diferença. Não pode ficar fazendo só aquelas rotinas que as assessorias fazem há trinta anos. Você tem que se jogar de cabeça e estar sempre se reciclando.


Fonte: Portal Textual Online – administrado e organizado pelos alunos e professores do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas UnICESP

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